Tuesday, December 25, 2007

COISAS DA SÁBADO: A DIFERENÇA ENTRE O JORNAL DE NOTÍCIAS E O DIÁRIO DE NOTÍCIAS

21.12.07


COISAS DA SÁBADO: A DIFERENÇA ENTRE O JORNAL DE NOTÍCIAS E O DIÁRIO DE NOTÍCIAS

No dia em que a operação “Noite Branca” começou a prender suspeitos de serem responsáveis pelo clima de violência no Porto, a comparação entre um jornal de Lisboa, o Diário de Notícias, e um do Porto, o Jornal de Notícias, no mesmo dia 17 de Dezembro, não podia ser mais significativa. O Diário de Notícias falava das biografias e do background dos detidos, fazendo nota, como é óbvio, do seu profundo envolvimento com a claque do FCP, os Super Dragões. Na verdade nenhum destes homens se tornou conhecido por ser segurança na noite, nem por frequentar ginásios e mesmo as suas páginas e vídeos guerreiros (*) nunca tinham merecido muita atenção. Onde eles apareciam era à frente da claque em filmes (a SIC mostrou-os) e em fotos de segurança aos dirigentes do clube. No Jornal de Notícias tudo isto é cuidadosamente omitido e os presos aparecem sem biografia, ou apenas com uma referência casual e singular a essa pertença. De facto, o Jornal de Notícias parece ser um jornal do Casaquistão tal é a ignorância do que se passa à sua volta. Mas não é, é mesmo do Porto e esse é que é o problema: é do Porto e cala.
(*) No Jornal de Notícias nunca se viu. por exemplo, isto? No Jornal de Notícias as letras destas músicas nada tem a ver com o que se passa? De facto só não vê quem não quer ver e é por isso que a estatueta dos macacos que ofereceram a Gandhi está aqui muito bem aplicada.

Monday, December 24, 2007

Um trambolho no sapatinho

Helena Matos

Público 24 Dez 2007

Tornou-se um lugarcomum
afi rmar que
as crianças recebem
prendas a mais. E
entre aquilo que está a
mais contam-se inevitavelmente
os brinquedos tecnológicos.
Contudo, o desperdício natalício
com as criancinhas não é nada
quando comparado com aquilo
que o Estado português gasta nuns
brinquedos tecnológicos que,
tal como os jogos didácticos que
as madrinhas fazem questão de
oferecer, são supostos desenvolvernos
ludicamente o intelecto.
No rol das prendas
governamentais para os cidadãos
as caixas de correio electrónico são
um item obrigatório. No ano 2000,
o então primeiro-ministro António
Guterres prometeu um “mail para
todos” e num ápice foi criado o
Megamail. Do milhão de caixas
anunciadas apenas uma pequena
parte foi activada e o serviço que
o então ministro da Ciência e
Tecnologia, Mariano Gago, definira
como “ímpar” foi morrendo por
falta de utilizadores. Afinal não só
o Megamail funcionava mal como
sobretudo não fazia falta alguma:
os cidadãos já tinham então caixas
de correio electrónico alojadas em
endereços que funcionavam muito
melhor. Quando se julgaria que esta
infausta experiência levaria a que
se abandonasse a ideia, eis que, em
2005, se percebe que o executivo
olhou para a gaveta das ideias
dispendiosa e disparatadamente
inúteis e volta a teimar em
oferecer-nos uma caixa de correio
electrónico: o “mail para todos”
deu lugar ao “e-mail por cidadão”,
o milhão de caixas passou a dez
milhões, o Megamail passou a
ViaCTT. O entusiasmo do primeiro ministro,
que já não é Guterres mas
sim Sócrates, esse é que imutável:
o ViaCTT, garante Sócrates, é
“um projecto emblemático” do
Plano Tecnológico que procura
garantir a “universalidade” e a
“democratização das tecnologias
de informação”.
Tal como em 2000, se
algo é perfeitamente
acessível aos portugueses
são as caixas de correio
electrónico. Daí que os
dez milhões de caixas de correio
oferecidas pelo Governo e pagas
por todos nós pairem no universo
on-line virtualmente vazias. (E
por lá fi carão, a não ser que as
sucessivas criações do Plano
Tecnológico, como o Sistema de
Queixa Electrónica, nos obriguem
a ter uma.) Tenho, contudo,
de reconhecer que estas caixas
de correio electrónico que o
Governo teima em nos oferecer, à
parte o ninguém precisar delas e
terem representado um absoluto
desperdício, não nos atrapalham
grandemente a vida. O mesmo não
se pode dizer duns trambolhos
que dão pelo nome de quiosque
Infocid, outrora conhecidos como
“janela única da Administração
Pública” ou “um espaço de
importância transcendental para a
administração pública portuguesa
que fará ganhar o país”. As
defi nições são naturalmente de
António Guterres cujos governos
foram férteis em janelas que
abriam para pântanos e promessas
de radiosos amanhãs tecnológicos.
O Infocid deve ser mesmo
um ponto de comunicação
transcendental e de ligação ao
oculto, pois nenhum cidadão
comum consegue que eles
funcionem. Hoje a sua única função
conhecida é atravancar os passeios.
No blogue Sorumbático,
oferecem-se almoços
de lagosta e notas
de 50 euros a quem
encontrar um Infocid
que funcione. Até hoje a lagosta
continua traquilamente vivinha
e as notas dormem na carteira.
Caso o leitor encontre um Infocid
a funcionar, ainda vai a tempo
de ganhar a prenda. E aproveite
o entusiasmo para começar
a coleccionar exemplos do
desrazoamento governamental
na hora de nos oferecer prendas.
Quando os governos resolvem
brincar ao Pai Natal, nem as renas
nos salvam dos trambolhos.

O Infocid deve ser mesmo
um ponto de comunicação
transcendental e de ligação
ao oculto, pois nenhum
cidadão comum consegue
que eles funcionem. Hoje a
sua única função conhecida
é atravancar os passeios.

Um balanço em três tópicos

Público 24 Dez 2007

Santana Castilho

No final dos anos fazem-se balanços. Três tópicos
chegam para reprovar 2007:

1. Contrariamente ao discurso politicamente
correcto, importa referir que o investimento
em educação, medido pela percentagem relativamente
ao que produzimos, interessa pouco como
indicador. Porque 10 por cento de 100 é 10, mas cinco por
cento de 600 é 30. Ou seja, um país que gaste percentualmente
metade de outro, mas que tenha um PIB seis vezes
superior, investe, em valor absoluto, três vezes mais. E é
isso que conta. Porque os preços dos materiais escolares
em Lisboa ou em Estocolmo não têm diferenças relevantes,
em valor absoluto. Assim, sublinhe-se que aquilo que
o nosso Estado gasta, em média, por aluno, em todos os
níveis de ensino, é menos do que o gasto médio respectivo
de todos os países da OCDE. Particularizando, no ensino
superior, Portugal tem um gasto médio de 7700 dólares
americanos, contra os 16.200 da Suécia ou os 22.400 dos
Estados Unidos da América. Por outro lado, em dois anos
de Governo PS, os gastos com a educação decresceram
em Portugal. Mas, em igual período, cresceram na OCDE.
Do mesmo passo, é surpreendente verifi car que na União
Europeia a 27 países a média dos gastos destinados à defesa
representa 1,7 por cento do PIB. Mas em Portugal é 2,3
por cento. Mais ainda: segundo o PNUD (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento), Portugal pertence,
signifi cativamente, ao grupo dos três países em que tais
despesas cresceram, contra 19 outros que as reduziram e
três que as mantiveram. Ou seja: o nosso esforço privilegia
a guerra em detrimento da educação. No Orçamento de
Estado de 2007, os gastos com a defesa cresceram 2,5 por
cento. Mas o dinheiro consignado ao Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior sofreu um corte de 8,2
por cento. Se considerarmos apenas o ensino, apartada a
ciência, esse corte ascende a 14 por cento. No orçamento
para 2008 as despesas destinadas à defesa crescem 8,5
por cento. Mas o dinheiro destinado ao ensino superior
encolhe cinco por cento. E note-se que, considerado o
intervalo 2005-2007, registou-se um aumento de 17.000
alunos, o que amplia, naturalmente, a dimensão do corte.
Estes números são indesmentíveis e a sua expressão tem
um signifi cado incontrolável: a prioridade à educação
fi cou-se pela demagogia do discurso eleitoral de 2005. A
paixão de Guterres aproximou a percentagem dos gastos
com a educação aos seis por cento do PIB. A prioridade
de Sócrates emagreceu-a para 3,5.

2. No último debate parlamentar discutiu-se a ridícula
paternidade dum diploma e pintou-se a realidade com a
demagogia doutros números, os dos êxitos estatísticos:
mais alunos no sistema, mais sucesso escolar, mais oportunidades
novas para todos. O entusiasmo esganiçado do
primeiro-ministro recordou-me a alegoria de Churchill
sobre o êxito: não é mais que ir de fracasso em fracasso,
mantendo intacto o entusiasmo. O país não melhora
chamando profi ssional a um ensino de papel e lápis, sem
ofi cinas nem laboratórios, diminuindo exigências ao nível
da fraude, diplomando o analfabetismo. Um país que diz
aos seus adultos que chegou a altura de ter “a escolaridade
obrigatória sem frequentar a escola”, aos seus jovens que
podem nem sequer lá pôr os pés que não reprovam por
isso e que organiza cursos de formação de jogadores de
futebol com garantia de equivalência a diplomas escolares,
deve pensar seriamente em reabrir a Universidade Independente.
Os governantes futuros precisam dela.

3. Durante anos, o país fez um esforço para especializar
professores do chamado ensino especial. Apoiavam cegos,
surdos, mudos, defi cientes mentais. A “racionalização”
de recursos substituiu os destacamentos por um quadro.
Mas o quadro fi cou-se pela metade das necessidades. Os
especialistas desempregaram-se ou voltaram ao trivial. Os
que não tinham horários nas escolas e nunca viram uma
criança defi ciente substituíram-nos. Alunos e professores
aguentam a violação em nome do défi ce. Os violadores
vão continuar a promover este desenvolvimento. Professor
do ensino superior

Saturday, December 22, 2007

Basic Guide for Scientists

Basic Guide for Scientists


I. Science Classification

  1. If it's green or it wiggles, it's part of Biology.
  2. If it stinks, it's Chemistry.
  3. If it doesn't work, it belongs to Physics.

II. Rules for Laboratory Workers

  1. When you don't know what you're doing, do it neatly.
  2. First draw your curves, then plot the data.
  3. Experience is directly proportional to the equipment ruined.
  4. Experiments must be reproducible. They should all fail the same way.
  5. A record of data is essential. It indicates you have been working.
  6. In case of doubt, make it sound convincing.
  7. Do not believe in miracles, rely on them.
  8. Teamwork is essential in the lab. It allows you to blame someone else.
  9. Always leave room to add an explanation when it doesn't work.

III. Finagle's Laws, Creed, and Motto

  • First Law - If anything can go wrong with an experiment, it will.
  • Second Law - No matter what result is anticipated, there is always someone willing to fake it.
  • Third Law - No matter what occurs, there is always someone who believes it happened according to his pet theory.
  • Fourth Law - No matter what the result, there is always someone eager to misinterpret it.
  • Creed - Science is truth. Don't be misled by facts.
  • Motto - Smile; tomorrow it will be worse.

Friday, December 21, 2007

Escolas oficiais escolhem alunos com base em notas e origem social

DN 20 de Dezembro de 2007
artur machado
Escolha de estabelecimentos de ensino é objecto de pressões sociais


Fernando Basto

O insucesso escolar é potenciado, em muitas escolas, pela escolha dos alunos com base no seu aproveitamento escolar e na sua origem social. Dois investigadores portugueses, especializados em Sociologia da Educação, constataram a selecção - ao arrepio da legislação existente e da própria Constituição - de alunos com base na análise do percurso escolar.

Os estudiosos apontam a existência de estabelecimentos de ensino muito próximos um do outro, mas com populações estudantis muito distintas, fruto de uma selecção que tanto dá origem a "nichos de excelência" como a "guetos de exclusão". Segundo afirmam, o comportamento "pouco democrático" de estabelecimentos de ensino público - que origina grandes assimetrias na rede de ensino - engloba, também, a constituição de turmas com base na diferenciação social e aproveitamento escolar.

Dois investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) estudaram as desigualdades na educação e o seu reflexo no insucesso escolar. E chegaram à conclusão - fruto da investigação feita em escolas básicas e secundárias - que a escolha dos estabelecimentos de ensino é, cada vez mais, objecto de lutas e pressões sociais.

Pedro Abrantes visitou cinco estabelecimentos de ensino (três escolas públicas dos 2.º e 3.º ciclos e dois colégios privados) situados próximos uns dos outros, em Lisboa. E constatou as injustiças existentes no processo de selecção dos alunos na ocasião das matrículas. "Escolas situadas no mesmo bairro têm públicos claramente contrastantes. Numa, cerca de 50% dos alunos apresentam elevadas taxas de insucesso, e na outra, quase ao lado, esse número fica-se pelos 2%", realçou.

No estudo elaborado (ver infografia), Pedro Abrantes verificou que numa das escolas (frequentada basicamente por alunos de classes sociais desfavorecidas), 50% dos alunos tinham sido recusados noutro estabelecimento, normalmente aquele preferido pelas classes sociais média ou alta.

O investigador - que participa na avaliação externa de escolas - afirma que as estratégias de segmentação dos alunos são nítidas. "É a crise de um sistema supostamente igual para todos, mas que cria nichos de excelência e guetos de exclusão, o que é "um risco para a escola inclusiva e integradora", sustentou.

Pedro Abrantes vai mais longe, ao realçar a própria constituição da turmas. "Em muitas escolas, numa lógica perversa, constituem-se turmas com filhos de professores, médicos e juristas e outras onde predominam alunos problemáticos. Mais grave ainda é ficarem os professores mais velhos com as turmas de excelência, cabendo aos mais novos as restantes", concluiu.



Estigmas mataram a "Oliveira"

"A Secundária Oliveira Martins, no Porto, morreu dos estigmas. Recebia, sem seleccionar, o 'refugo' das escolas da redondeza", comentou ao JN um professor que durante anos leccionou no estabelecimento de ensino. Se, para uns, foi a ausência de selecção de alunos que "matou" a "Oliveira Martins", para outros muito também contribuiu a diminuição de alunos na cidade. Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, confirmou ao JN conhecer casos de escolhas de escolas por parte dos pais e selecção de alunos por parte de escolas. "É uma questão que estamos agora a analisar, juntamente com as administrações regionais e o Ministério da Educação (ME)", revelou. Albino Almeida realçou que a legislação permite que os alunos tenham pais ou encarregados de educação consoante o que for mais favorável para garantir a matrícula em determinado estabelecimento. Questionado sobre as conclusões dos estudos aqui referidos, o ME apontou a legislação em vigor sobre matrículas e constituição de turmas. Segundo o despacho n.º 14026/2007, de 3 de Julho, "na constituição das turmas devem prevalecer critérios de natureza pedagógica definidos no projecto educativo da escola".



Saturday, December 15, 2007

Professora substituta

Com as “grandes obras públicas”, a “educação” é um dos mais velhos mitos portugueses. A quem queremos enganar?

Rui Ramos, Público, 12 de Dezembro de 2007

Não sei se é preciso ter lido The Purloined Letter
para compreender que, por vezes, a melhor
maneira de esconder uma coisa é deixá-la à
vista. É óbvio, por exemplo, que não há truque
mais efi caz para fazer um livro passar
despercebido do que colocá-lo entre outros livros. O
mesmo princípio permite-nos perceber por que é que
uma discussão pode ser um excelente meio de evitar
discutir um assunto. Parece-me que, demasiadas vezes,
é esse o caso do debate sobre a “educação” em Portugal.
Eis um tema de que se fala e discute muito. Mas perante
tanto escarcéu talvez não nos devêssemos surpreender
se um observador com a malícia de Dupin nos perguntasse
subitamente: que querem esconder? Ou até: a quem
querem enganar?
Em Portugal, a educação já despertou “paixões”, justifi
cou sempre “preocupação” e continua a sugerir as
maiores “esperanças”. Quando alguns portugueses não
sabem o que fazer a propósito disto e daquilo, é quase
certo que um deles dirá, com um suspiro, que a educação
é a “única solução”. Isto é assim há muitos anos. Com as
“grandes obras públicas”, a “educação” é um dos mais
velhos mitos portugueses. A única coisa que mudou foi
o nome: ao princípio, chamavam-lhe “instrução”. Com
obras públicas e educação, esperaram sucessivos governos,
desde o século XIX, revolucionar pacifi camente
Portugal, fazer dos portugueses cidadãos tão ilustrados
e produtivos como os ingleses, e do país uma Suíça com
mar. O computador substituiu o giz e o quadro, a locomotiva
a vapor deu lugar ao TGV, e o macadame ao alcatrão,
mas crença persistiu e os argumentos mantiveram-se.
Fontes Pereira de Melo dizia que, quando toda a gente
andasse de comboio, o país estaria salvo. Hoje, há quem
acredite que para nos salvarmos bastaria cada cidadão
tirar pelo menos um mestrado.
E para que serve todo este fervor e piedade? Talvez para
nos poupar a enfrentar certas coisas. Nos últimos 20 anos,
os governos portugueses efectuaram o maior investimento
de sempre em educação e obras públicas. Em termos
europeus e em relação aos recursos disponíveis, nenhum
outro país se terá esforçado mais. O resultado? A contínua
descida das taxas de crescimento e o empobrecimento
relativo do país desde 2000. Alguém discute isto? Não.
Discute-se se a escola pública é pior ou melhor do que a
privada e se o aeroporto deve ser na Ota ou em Alcochete.
Nalguns casos, é claro que as pessoas já nem sabem o que
dizem: veja-se o caso dos defensores da escola pública,
que desculpam os seus maus resultados, porque, aparentemente,
é muito frequentada por pobres (ou “casos
problemáticos”, como agora se diz) – sem perceberem
que estão a confessar que a milagrosa “educação”, afi nal,
não faz milagres. Hoje, para ter bons resultados escolares,
convém ser rapariga, ter uma família da classe média e
viver nos centros urbanos do litoral.
Peço aos crentes o favor de não me tratarem já como
herege. Não, não desejo viver entre uma massa de analfabetos
condenados a andar por veredas de terra batida.
Leio o seguinte num livro bastante respeitável (Que Faire?
Agenda 2007, de Nicolas Baverez): “No século XXI, o aumento
de um ano da duração média dos estudos induz
um aumento de 6 por cento da produção a longo prazo.”
Não quero discutir a hipótese. Quero discutir antes os
expedientes inspirados por essa hipótese. É que a partir
da frase citada a tendência de muitos foi para deixar de
levar a sério tanto a educação, como o crescimento da
riqueza.
A “educação”, para ser efectiva, tem de ser muito mais
do que passar certifi cados. A Finlândia, como revelou o
último relatório do PISA a semana passada, não tem apenas
muitos diplomados: entre os países da OCDE é aquele
em que os alunos têm mais conhecimentos. Quanto a
Portugal, a carta do professor aposentado Domingos Cardoso
acerca da sua experiência nos cursos de educação
e formação dá uma ideia inquietante: professores que
não conseguem ensinar e “estudantes” que não querem
estudar, todos comprometidos numa imensa fraude estatística.
Se tudo se resumisse a passar tempo na escola
e à outorga de diplomas, não teríamos problemas.
Mas talvez também não tivéssemos problemas se a
questão fosse apenas a de preparar alunos para se portarem
bem nos testes do PISA. É difícil imaginar, hoje
em dia, uma prosperidade sustentável sem uma força de
trabalho instruída, mas nenhuma façanha académica, só
por si, garante o crescimento da riqueza. Aliás, tal como
resultados modestos, em certas circunstâncias, não impedem
a prosperidade (o Luxemburgo é um dos membros
mais ricos da UE, mas a performance dos seus alunos
está abaixo da média da OCDE, e pouco acima da dos
estudantes portugueses). Isoladamente, uma educação
de qualidade transformar-nos-ia talvez em exportadores
de diplomados.
O actual debate da educação, ao fugir às questões mais
difíceis, tem dois efeitos perversos: primeiro, espalha a
crença de que para os nossos problemas existem soluções
indolores, sob a forma de
expedientes que dispensam
esforço e tempo; segundo,
alimenta guerras do alecrim
e da manjerona (como
a do público versus
privado) que impedem o
debate directo acerca daquilo
que mais importa: o
tipo de vida que queremos
(ou podemos) levar neste
país. Deve tudo continuar
centrado no endeusamento
do Estado, ou é possível um
outro modelo social, assente
na iniciativa e responsabilidade
dos cidadãos?
Enquanto não tomarmos
consciência das difi culdades de qualquer dessas vias, e
da necessidade de escolher, continuaremos a enganarnos
a nós próprios – a gritar uns com os outros, para não
termos de discutir. Historiador

Sunday, December 09, 2007

No centro da cidade, um tesouro...

António
Barreto
Retrato da
Semana
Público, 2 Dez 2007

Ainda não são aos bandos, mas há já fi guras
sinistras que voam pelo Príncipe Real, pelas
ruas da Escola Politécnica, da Alegria e do
Salitre, pelos jardins da Faculdade de Ciências
e pelo Jardim Botânico, até ao Parque
Mayer. Já há “interessados”, com muito dinheiro, que
querem “desenvolver” a área, “promover” a habitação,
abrir escritórios de luxo, criar unidades hoteleiras, centros
comerciais e zonas de lazer. Parece mesmo que
certos edifícios do Príncipe Real foram já adquiridos.
Está ali, sem dúvida, uma “janela de oportunidade”,
um “desafi o da modernidade” e uma “aposta na qualidade”.
A Lisboa competitiva ameaça passar por ali.
O CONJUNTO ESTÁ IDENTIFICADO. JÁ FOI A QUINTA
do Monte Olivete e já pertenceu aos Jesuítas. Já foi o
Noviciado da Cotovia e o Colégio dos Nobres. Já foi a
Escola Politécnica e a Faculdade de Ciências. Hoje alberga
dois museus, muitas relíquias e alguns pardieiros.
É a antiga Faculdade de Ciências, seus imóveis, anexos
e jardins, a que se acrescenta o Jardim Botânico. Inclui
alguns edifícios escolares, uns desactivados desde
o incêndio de 1978, outros depois disso. Pertence à
Universidade de Lisboa. São cerca de seis hectares no
centro da cidade. Espaço único que qualquer capital
civilizada aproveitaria e mostraria, orgulhosa, aos seus
cidadãos e ao mundo.
O INVENTÁRIO DO QUE ALI ESTÁ É IMENSO. COM A
ajuda da directora Ana Eiró e da investigadora Marta
Lourenço, pode resumir-se, por defeito, no seguinte. Os
Museus da Ciência e da História Natural, que incluem o
museu e laboratório mineralógico e geológico, o museu,
laboratório e jardim botânico e o museu e laboratório
zoológico e antropológico. O Observatório Astronómico.
A Biblioteca científi ca dos séculos XV a XIX. Os
restos das instalações escolares do século XIX, nomeadamente
as salas, laboratórios e anfi teatros da química,
da física e da matemática. O Picadeiro Real do Colégio
dos Nobres (nascido em 1766), fabuloso edifício, hoje
transformado em pavilhão de desportos. Os arquivos
históricos de várias instituições científi cas.

O CONTEÚDO É IMPRESSIONANTE. SÃO COLECÇÕES
notáveis de instrumentos científi cos e técnicos de química,
física, astronomia e matemática dos séculos XIX
e XX (mais de 10.000 peças). Arquivos históricos (mais
de 100.000 documentos). Bibliotecas científi cas dos séculos
XV a XX (25.000 livros). Mobiliário muito curioso
e interessante. Colecções de antropologia (2000 esqueletos),
de mamíferos (5000 espécies), de aves (2600),
de peixes (7000 lotes), de anfíbios e répteis (1000), de
invertebrados (30.000 lotes) e de sementes (4000 lotes).
A que se acrescentam os herbários (250.000 espécies)
dos séculos XVIII e XIX, incluindo os de Vandelli,
Brotero e Welwitsch. Ou as colecções de mineralogia,
petrologia, estratigrafi a e paleontologia (80.000 peças).
E fi nalmente o fantástico Jardim Botânico (1500 espécies),
com mais de 150 anos de existência, sobre o qual
dou a palavra ao Senhor Félix Krull, criação de Thomas
Mann, que nos diz, nos anos cinquenta, a propósito de
Lisboa: “A sua primeira visita deverá ser para o Jardim
Botânico, sobre as colinas do Oeste. Não tem igual na
Europa inteira, graças a um clima em que a fl ora tropical
prospera tanto como a da zona temperada. O jardim está
cheio de araucárias, de bambus, de papiros, de iúcas
e de todas as variedades de palmeiras. Aí verá com os
seus olhos plantas que, no fundo, já não pertencem
à actual vegetação do nosso planeta, mas a uma fl ora
mais antiga como, por exemplo, os fetos arbóreos. Vá
lá imediatamente e repare no feto arbóreo do período
carbónico. É mais do que uma pequena história cultural.
É toda a antiguidade da terra”!
A AMEAÇA DOS PROMOTORES NÃO É A ÚNICA. A OUTRA
é a da ruína e da degradação. É um verdadeiro tesouro
no meio da cidade, mais ou menos ignorado, decadente,
parcialmente abandonado, com equipamentos degradados
e espécies mal conservadas... Os efeitos desta ameaça
já se podem observar à vista desarmada. Há instalações
fechadas porque perigosas. Há paredes degradadas e soalhos
a cair. Há salas e edifícios encerrados por razões
de segurança. Muitas colecções estão fechadas por falta
de condições de preservação ou de exibição. O Jardim
Botânico tem falta absoluta de jardineiros e carência de
verbas para tratamentos
e manutenção, não havendo
sequer orçamento
sufi ciente para pagar a
rega. Degradação e abandono
são as palavras que
vêm ao espírito, apesar de
uns bandos de alunos que
visitam os locais e mau grado
alguns investigadores e
funcionários que se esforçam
por manter aquilo vivo.
A Universidade não tem
recursos para manter ou desenvolver este património. O
Governo diz, há muitos anos, que também não tem. Da
Câmara de Lisboa, além de intenções vagas, pouco se sabe.
Mas, a seu favor, nota-se a abertura de um “concurso
de ideias” até ao próximo 4 de Janeiro.
NÃO HAVERÁ, EM LISBOA OU NO PAÍS, INTELIGÊNCIA
sufi ciente para preservar e aproveitar este conjunto,
utilizando-o para os fi ns óbvios, como sejam o estudo,
a investigação e a divulgação cultural e científi ca, sem
esquecer todas as funções que pode preencher um espaço
público único? Não haverá ninguém que não se tenha
ainda deixado perverter pela cultura vigente do efémero,
da espuma virtual, do superfi cial e do divertimento? Não
haverá ninguém interessado em evitar novos incêndios,
inundações, delapidações ou promotores imobiliários?
Não haverá um ministro capaz de perceber isto? Um
Presidente da câmara? Um banco? Uma companhia de
seguros? Uma empresa? Uma fundação?
SEIS HECTARES E UM PATRIMÓNIO TÃO RICO NO CENTRO
da cidade! Numa cidade onde faltam os espaços verdes;
onde são poucos os espaços públicos organizados e acessíveis;
onde são raros os locais de repouso e convívio;
onde há poucos museus e instituições de divulgação
cultural e científi ca! Nunca saberei exactamente o que
mais leva ao desperdício e à degradação. Já pensei que
fosse a pobreza. Depois, a ignorância. Agora, acrescento
a demagogia dos novos-ricos. Sociólogo

Friday, December 07, 2007

Fuzzy Math: A Nationwide Epidemic

Fuzzy Math: A Nationwide Epidemic
By Michelle Malkin
Wednesday, November 28, 2007

Do you know what math curriculum your child is being taught? Are you worried that your third-grader hasn't learned simple multiplication yet? Have you been befuddled by educational jargon such as "spiraling," which is used to explain why your kid keeps bringing home the same insipid busywork of cutting, gluing and drawing? And are you alarmed by teachers who emphasize "self-confidence" over proficiency while their students fall further and further behind? Join the club.

Across the country, from New York City to Seattle, parents are wising up to math fads like "Everyday Math." Sounds harmless enough, right? It's cleverly marketed as a "University of Chicago" program. Impressive! Right? But then you start to sense something's not adding up when your kid starts second grade and comes home with the same kindergarten-level addition and subtraction problems -- for the second year in a row.



Valley Park Elementary School in Overland Park, Kansas, flies their U.S. flag at half-staff Septemter 13, 2007, along with other public schools across Kansas. Across America, the sight of a half-staff American flag commemorating lost soldiers is increasingly common as more states and municipalities move to honor those killed in Iraq. Picture taken September 13, 2007. To match feature FLAGS-SOLDIERS/ REUTERS/Carey Gillam (UNITED STATES)

And then your child keeps telling you that the teacher isn't really teaching anything, just handing out useless worksheets -- some of which make no sense to parents with business degrees, medical degrees and Ph.D.s specializing in econometric analysis. And then you notice that it's the University of Chicago education department, not the mathematics department, that is behind this nonsense.

And then you Google "Everyday Math" and discover that countless moms and dads just like you -- and a few brave teachers with their heads screwed on straight -- have had similarly horrifying experiences. Like the Illinois mom who found these "math" problems in the fifth-grade "Everyday Math" textbook:

A. If math were a color, it would be --, because --.

B. If it were a food, it would be --, because --.

C. If it were weather, it would be --, because --.

And then you realize your child has become a victim of "Fuzzy Math," the "New New Math," the dumbed-down, politically correct, euphemism-filled edu-folly corrupting both public and private schools nationwide.

And then you feel like the subject of Edvard Munch's "The Scream" as you take on the seemingly futile task of waking up other parents and fighting the edu-cracy to restore a rigorous curriculum in your child's classroom. New York City teacher Matthew Clavel described his frustration with "Everyday Math" in a 2003 article for City Journal:

"The curriculum's failure was undeniable: Not one of my students knew his or her times tables, and few had mastered even the most basic operations; knowledge of multiplication and division was abysmal. . . . what would you do, if you discovered that none of your fourth-graders could correctly tell you the answer to four times eight?"

But don't give up and don't give in. While New York City remains wedded to "Everyday Math" (which became the mandated standard in 2003), the state of Texas just voted before Thanksgiving to drop the University of Chicago textbooks for third-graders. School board members lambasted the math program for failing to prepare students for college. It's an important salvo in the math wars because Texas is one of the biggest markets for school textbooks. As Texas goes, so goes the nation.

Meanwhile, grass-roots groups such as Mathematically Correct (mathematicallycorrect.com) and Where's The Math? (wheresthemath.com) are alerting parents to how their children are being used as educational guinea pigs. And teachers and math professionals who haven't drunk the p.c. Kool-Aid are exposing the ruse. Nick Diaz, a Maryland educator, wrote a letter to his local paper:

"As a former math teacher in Frederick County Public Schools, I have a strong interest in the recent discussion of the problems with the math curriculum in our state and county. . . . The proponents of fuzzy math claim that the new approach provides a 'deep conceptual understanding.' Those words, however, hide the truth. Students today are not expected to master basic addition, subtraction and multiplication. These fundamental skills are necessary for a truly deep understanding of math, but fuzzy math advocates are masters at using vocabulary that sounds good to parents, but means something different to educators."

Members of the West Puget Sound Chapter of the Washington Society of Professional Engineers also stepped forward in their community:

"For 35 years, we have been subjected to a failed experiment, 'new math.' Mathematics depends on individual problem-solving ability to arrive at the correct answer. Math does not lend itself to 'fuzzy' answers. The solution is to recognize the failure of the Constructivist Curriculum as it relates to mathematics and science, eliminate it and return to the hard core basics using texts like the Singapore Math."

If Fuzzy Math were a color, it would be neon green like those Mr. Yuk labels warning children not to ingest poisonous substances. Do not swallow!

Michelle Malkin makes news and waves with a unique combination of investigative journalism and incisive commentary. She is the author of Unhinged: Exposing Liberals Gone Wild .

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Tuesday, December 04, 2007

O ministério da Educação contratou duas vezes o mesmo advogado para fazer o mesmo trabalho.

Sociedade - 21-11-2007 07:19h
Advogado contratado duas vezes


O ministério da Educação contratou duas vezes o mesmo advogado para fazer o mesmo trabalho.

No primeiro contrato, o advogado João Pedroso comprometia-se a fazer um levantamento das leis sobre a Educação e ainda a elaborar um manual de direito da Educação. O trabalho deveria estar concluído até Maio de 2006, mas tal não aconteceu. Apesar de não ter sido concluído nos prazos previstos, o advogado recebeu a remuneração.

Ainda assim,o ministério fez depois com João Pedroso um novo contrato com os mesmos objectivos, mas a pagar uma remuneração muito mais elevada. Em vez dos iniciais 1500 euros por mês, João Pedroso passou a receber 20 mil euros/mês.

Perante estes factos, o ministério da Educação justifica-se dizendo que os objectivos do primeiro contrato não foram cumpridos por erro de avaliação. O secretário-geral do ministério assume as responsabilidades da tutela. Ao Rádio Clube, João da Silva Baptista diz que o ministério não soube avaliar o volume de trabalho que entregou à equipa liderada por João Pedroso da primeira vez.

Por causa do erro de avaliação, o ministério da Educação acabou por ficar sem possibilidade de exigir a João Pedroso para acabar o trabalho pelo qual foi pago e decidiu por isso pagar mais e renovar o contrato.

João Pedroso, contactado pelo Rádio Clube, recusou comentar os contratos que assinou com o ministério da Educação, remetendo todos os esclarecimentos para o Governo.

Uma notícia Rádio Clube investigada pelo jornalista Nuno Guedes.